Tal analogia não é minha, mas foi utilizada por Nassin Taleb como um arquétipo do que seria a gestão da fragilidade nas organizações. O que farei aqui é, pensando com Taleb, buscar ampliar e customizar para o nosso contexto tal realidade.

Entretanto, antes de customizar é preciso explicar essas duas figuras mitológicas. Comecemos pela Hidra. A também conhecida como Hidra de Lerna é um animal da mitologia Grega que além de apresentar uma estatura incrível e um aspecto aterrador seria constituída de sete, ou nove cabeças, dependendo da versão do relato. Tal mostro teria como propriedade o fato de que, ao ser decepada em uma de suas cabeças, no lugar, duas novas surgiriam. Desta forma, cada golpe deferido contra uma das cabeças da Hidra ao invés de enfraquecê-la a faria mais forte. Por sua vez, a Fênix, animal mitológico mais popular, é um pássaro que, quando pressentindo a morte, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas.

Pensando na gestão e no modelo das empresas se poderia perguntar: qual a diferença estratégica entre uma organização Hidra e uma Fênix? A organização Fênix é aquela que atravessa a dificuldade, a supera, as vezes tendo que fazer vários cortes e, como se diz por aí “apertar o cinto”, mas que depois de um período de penúria acaba voltando a condição anterior de estabilidade. Ela é aquela organização que fica sonhando com os dias felizes de outrora ou projeta para um momento “utópico” no tempo essa esperança. Qual o problema disso? A rigor, nenhum. Contudo, o modelo no qual estas organizações se apoiam é frágil. É o modelo da Fênix que, muito embora gloriosamente tenha ressurgido das cinzas, volta a ser aquilo que já fora, isto é, restaura o seu status quo.