Em 2010, Han escreveu A Sociedade do Cansaço, que descreve as pessoas atuais como sujeitos de desempenho, que buscam maximizar produção e ser empresários de si mesmos, com positividade compulsória, e aponta a exaustão como uma forma de existir. Empoli lançou Os Engenheiros do Caos em 2019, no qual comenta como a tecnologia nos modificou de duas maneiras: nos acostumando a ser atendidos imediatamente o que significa intolerância com lentidão e ineficiências, menor capacidade de atenção e necessidade de estímulos constantes e nos fazendo buscar cada vez mais a popularidade nas redes sociais.

Independentemente de concordarmos com esses dois pensadores desempenho, protagonismo e tecnologia não são intrinsecamente ruins, há evidências de que esses fatores estão, sim, gerando ou amplificando a sensação de caos. E, embora não seja o único, o trabalho é, de fato, o fórum por excelência onde isso aparece, já que os conceitos de desempenho, protagonismo e tecnologia povoam esse espaço.

Em outras palavras, o problema já existia antes da pandemia, mas o nível de consciência em relação a ele era menor e o que o cérebro não vê, o coração não sente, parafraseando o ditado popular. A consciência começou a vir à tona com a covid-19. Individualmente, na mudança de rotina de cada um em sua casa. Coletivamente, em movimentos como o “Great Resignation”, como são chamadas as ondas de pessoas pedindo demissão de seus empregos em vários países, mês após mês EUA, Canadá, Singapura, Austrália etc. Só nos EUA, e só em agosto de 2021, 4,3 milhões de pessoas se demitiram.