Por Roberta Paduan

A orientação chocou, inicialmente, as merendeiras de um grupo de escolas municipais de Teresina, no Piauí: além de preparar as refeições dos estudantes, elas deveriam pesar a comida que os alunos jogavam no lixo na hora do recreio. A tarefa foi repetida por alguns dias em algumas escolas da rede no final de 2018. Alguns funcionários ficaram contrariados, no primeiro momento. Acharam que o próximo passo seria a redução dos alimentos. De acordo com o economista Kleber Montezuma, secretário municipal de educação na época, o objetivo era outro. “Queríamos entender por que os alunos devolviam a comida. Se tinham servido em excesso ou se o problema era o sabor, o preparo dos alimentos ou até mesmo a apresentação, porque, dependendo do aspecto da comida, a criança não come mesmo”, afirma Montezuma. Depois da experiência da pesagem, a Secretaria levou duas chefs de cozinha a uma das escolas para que elas preparassem a merenda com exatamente os mesmos ingredientes utilizados pelas funcionárias da prefeitura.

O projeto de repaginar a merenda das 213 escolas da rede de Teresina foi paralisado em 2020 com o fechamento das escolas pela pandemia. O que interessa aqui, porém, é a abordagem do problema (o desperdício da merenda) pelo gestor público (a Secretaria de Educação) com foco na qualidade do serviço prestado à população. Desde 2017, Teresina é a capital brasileira com a melhor nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nas séries do ensino fundamental. A média dos estudantes de 4º e 5º anos do ensino fundamental na rede municipal subiu de 3,8 em 2005 para 7,3 em 2019. A título de comparação, a média dos estudantes das mesmas séries na capital paulista passou de 4,3 para 6,3 no mesmo período.