Recentemente, o mundo executivo acompanhou, atônito, a uma troca de farpas entre dois ícones empresariais mundiais: o megainvestidor Warren Buffett, de 87 anos, um dos maiores acionistas da Coca-Cola e de muitas empresas da velha economia, e Elon Musk, de 46 anos, líder da Tesla e da SpaceX, e talvez o maior símbolo da nova economia.

A encrenca começou com Musk. Em uma conferência com acionistas, ele acusou de ultrapassada a ideia de que, para se defenderem da  concorrência, os negócios devem ter vantagens tão únicas que equivalham a um fosso de uma fortaleza medieval (“moat”). “Se sua única defesa contra exércitos invasores é o fosso, você não vai durar muito; o que importa é o ritmo de inovação”, chegou a dizer. O autor do conceito do fosso medieval, que usou exatamente a palavra “moat”, foi Buffett, em 1999 – e a fórmula, secreta, seria o fosso da Coca-Cola.

Não demorou muito, Buffett respondeu à provocação: “Os produtos e serviços que têm fossos vastos e sustentáveis ainda são os que trazem recompensas a seus investidores, apesar de a recente aceleração tecnológica exigir que tais fossos sejam constantemente reforçados”. A escolha de palavras de Buffett foi meticulosa, uma vez que os negócios de Musk ainda não têm trazido muitas recompensas a seus investidores. “Elon pode virar as coisas de cabeça para baixo em algumas áreas, mas acho que ele não gostaria de nos enfrentar nos doces”, completou Buffett, referindo-se à See’s Candies, a fábrica de guloseimas mais querida dos californianos, que pede pouco aos investidores e lhes dá muito em troca.