Comportamentos, tendências e influências precisam de atualizações constantes de sistemas, uma exigência imposta pelo atual momento.

A partir da ótica da sociologia do consumo, o estudo Mind the Future (Cuide do Futuro, em português) elaborado pela iniciativa Cely em parceria com o Labô Tendências (PUC-SP), revela 8 tendências com objetivo de amparar decisões estratégicas e criativas para o planejamento da comunicação e geração de valor de marcas, produtos e serviços.

Estética

Ética e estética nunca estiveram tão conectadas e em alta. Na ditadura do algoritmo, perdura quem mantém a autenticidade, ternura e fluidez. Habilidades e comportamentos essenciais para que não exista repreensão imposta por métricas que regem um modelo massificado e, em grande parte, artificial.

Exemplo desta atitude vem por meio de experiências com arte imersiva, como exposições interativas e mensagens claras e diretas, como nos desfiles de moda, em que sacos de lixo e tênis surrados mostraram a simbiose entre a moda e engajamento político ambiental.

Política

Dialogar, respeitar e negociar. Verbos e ações que tendem a voltar ao vocabulário e ao cotidiano do futuro. Confirmando o poder das comunidades e de grupos que se organizam apesar do Estado, emergindo a tendência de criar espaços que promovam a (re)conexão de pólos opostos, utilizando o recurso da escutatória como elemento chave, num meio onde todos querem falar e poucos sabem de fato ouvir.

Verdade

Foram quase dois anos de uma realidade assistida por meio de câmeras, filtros e telas. Ao retomar o olho no olho, máscaras caindo, a verdade se mostra, novamente, diante de nós.

Como sermos quem somos sem filtros? Vulnerabilidade, fracasso e rugas fazem parte de uma imagem que foi esquecida tamanha a construção e uma rotina de skincare que mascaram muitas dores e angústias e que, agora, revelam uma sociedade doente mentalmente e que precisa se despir de tantos filtros e artificialidades. Comportamentos orgânicos e fluidos assumem as pick ups das tendências.

Educação

Quando a fórmula do ensino tradicional não adere à grande maioria de uma geração, que tem uma enorme potência (leia mais aqui) porém se vê paralisada frente a tantas possibilidades e nem trabalha nem estuda (leia mais aqui), a tendência que surge é para o aprendizado por meio de inspiração e com impulsionamento das marcas e influenciadores, no formato que a juventude compreenda o valor e acesse o conhecimento.

Moradia

Ser e não ter. A geração millennial, nascidos entre 1981 e 1995, já revolucionou o entendimento de moradia ao assumir que possuir imóvel não era mais um imperativo de vida. Com eles, a mudança de todo um setor mostrou a urgência em se buscar soluções de produtos e serviços, o que hoje faz parte da realidade de quem pode optar por vivenciar e experimentar a moradia. Ao passo que a posse de um imóvel pode ser vista como algo "fora de moda" para toda uma nova geração de consumidores, reforçando um perfil de inconsistência e instabilidade para assumir compromissos financeiros e geográficos.

Propósito

De hard news para deep news. Não se trata mais de ler apenas as manchetes ou ignorar as legendas das fotos: a tendência é desacelerar, aprofundar e mergulhar na vivência que a notícia e sua ausência trazem. A "não notícia" é parar de ter opinião sobre tudo e sobre todos, e escolher não pertencer mais e até mesmo, pedir demissão da positividade tóxica.

Corpo

Liberdade, flexibilidade e autenticidade, corpos sem rótulos e com identidade. As várias versões que somos, tendem a ser representadas por meio de nossa imagem e de nossos corpos, sem prisão a padrões e conexões, abraçando nossa fragmentação e pluralidade, por vezes inconstantes esteticamente, mas fundamentada em saúde e longevidade.

Finitude

O fim está próximo e, com ele, a busca por sermos eternos. Os avanços tecnológicos buscam eternizar voz, imagem e sentimentos e, cada vez mais, entender a relação com ciclos e seus encerramentos torna-se uma tendência comportamental necessária para que "seja eterno, enquanto dure".

O relatório completo tem como objetivo entender e mostrar o reflexo da sociedade para que marcas e influenciadores possam entender melhor o momento em que vivemos.

"O pêndulo é a alegoria que elegi para imaginar uma sociedade que necessita cada vez menos de estereótipos e binaridade e cada vez mais de tolerância, escuta e diálogo", pondera Waleska Bueno, CMO e sócia da Cely startup especializada em estratégias de influência, dados e serviços para a Creator Economy.