A questão social do ESG, em alguns momentos, é esquecida pela prioridade, atenção e medo que o mundo tem hoje com o impacto ambiental. Há um problema que exponencialmente cresce nos últimos anos, por conta do consumo de combustíveis fósseis, produção de plástico e descarte de lixo.
Ao mesmo tempo, a constante preocupação com a produção e eficiência colocou a pauta humana em negligência. A desigualdade social e econômica só aumentou nos últimos anos e os problemas continuam. As consequências da colonização desde modelos de plantation latifundiários até escravidão, perpetuaram desigualdades gigantescas para pessoas não-brancas na nossa sociedade. Por isso, pensando no impacto social, é necessário criar outras formas para que isso diminua e a realidade se transforme.
Nesse sentido, várias empresas estão criando certos tipos de medidas para angariar diversidade às suas organizações: desde projetos de trainees para pessoas negras e transexuais, ações governamentais obrigando representantes não-negros a estarem em cargos de diretoria e até open doors em suas organizações, para incentivarem mulheres a entrarem em áreas que predominantemente são masculinas.
Isso é um trabalho que exige um tempo para ser aplicado e percebemos mudanças estruturais na nossa sociedade. Mas, para se tornar efetiva, é necessária sempre uma autoafirmação constante destes projetos e ter o entendimento de quem são as lideranças que proporcionarão mudanças para este futuro.
Gary Bolles, especialista em futuro do trabalho, tratou sobre as mudanças entre o regime flexível e o regime presencial de trabalho. Com ele, entendemos que há uma exigência de liderança diferente. Agora é a hora de reconhecermos que, além de um novo tipo de líder, é necessário que este a frente se torne inclusivo e que entenda qual seu papel nessa construção.
Eduardo Abreu, Gerente de Programas de DEI no Google, usou o estudo da Deloitte sobre “6 traços de liderança inclusiva” para comentar essa característica de um gestor.
De início, é necessário destacar que isso exige tempo de mudança, que compreende também uma postura defensora desse ideal e o patrocínio desta ação. É o “comprar esta briga”, afinal, dentro do processo lógico produtivo, não há espaço eficiente para isso, mesmo que haja uma melhora no fim dessa empreitada. Por isso, é necessária essa confiança, luta e contínuo propósito.
Por isso, o primeiro ponto é o *compromisso *com essa iniciativa. É assim é possível garantir a constante atualização, fortalecimento, crescimento e atitude para que o processo continue acontecendo.
Um segundo momento é o de curiosidade: desde entender que é necessário um comportamento diferente, com perspectivas distintas sobre os colaboradores e até entender como essa diversidade pode agregar muito mais que apenas a produção no primeiro momento. Isso exige deste líder uma força e proteção na compra desta perspectiva.
Ao mesmo tempo, o gestor construirá uma Inteligência Cultural quando estiver atrelada a uma motivação de compreender as diversas vivências sociais. É neste ponto que se cria uma abertura de sentidos e de compreensão para se adaptar a novas situações e novas demandas que serão necessárias.
O mundo é complexo em vários quesitos, principalmente geográficos, políticos, de saúde e costumes. Com situações de não-privilégio isso aumenta, por isso é uma gama de diferentes situações que vão exigir conversas, vínculos e laços que só tem a se fortalecer se há uma postura de acolhimento e entendimento. Além disso, só tem a acrescentar nas visões apresentadas no trabalho.
Enquanto isso, é necessário estar atento a si e o lugar em que está. Ter o conhecimento de vieses – dos próprios e da organização é importante para entender uma situação seja ela desafiadora ou não, principalmente para enxergar o que é um julgamento pré-conceitual e por quais razões aquilo realmente aconteceu. É neste ponto que é possível entender qual o tamanho da exigência, em que momento é necessário agir e se foi a melhor ação a ser tomada.
Portanto, é uma tarefa distinta, que apenas pedir produção e continua perpetuação das mesmas ações não será o bastante. Lidar com complexidade exige seres humanos completamente diferentes e que tenham perspectivas além do próprio ego para dar conta da complexa estrutura social.
Então, um líder com coragem, bravura e humildade é necessário para a compra dessa ação. A liderança precisa atuar em colaboração para empoderar cada um de seus colaboradores, organizá-los, trazer resultados e ouvi-los. Com essa relação em dupla série, ambos crescem e constroem um processo produtivo com olhares diferenciados e engajados nas singularidades de cada um.